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O duplo padrão da UE em relação a agrotóxicos altamente perigosos

Novos dados revelam que os países da UE exportam toneladas de agrotóxicos que são proibidos na UE

Herbicida é pulverizado em uma plantação de soja na região do Cerrado, perto de Campo Verde, estado de Mato Grosso, Brasil. © 2011 Yasuyoshi Chiba/AFP via Getty Images

Quinze organizações, incluindo a Human Rights Watch, enviaram cartas a autoridades e legisladores da União Europeia esta semana, pressionando a Comissão Europeia a cumprir seus compromissos de interromper a exportação de agrotóxicos proibidos na União Europeia (UE).

Os legisladores da UE proibiram esses agrotóxicos dentro da UE após analisar evidências de que eles representam riscos inaceitáveis tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana, incluindo sua associação com câncer, distúrbios hormonaisinfertilidade, aborto espontâneo, danos ao desenvolvimento fetaldoenças neurológicasmorte. No entanto, embora os legisladores da UE tenham determinado que esses produtos químicos são inseguros para os europeus, as empresas sediadas na UE continuam a fabricar e exportar esses mesmos agrotóxicos principalmente para países do sul global.

Em 2020, a Comissão Europeia assumiu o compromisso de acabar com esse duplo padrão e anunciou um plano de propor legislação com esse objetivo até o final de 2023. No entanto, quase dois anos depois, o progresso estagnou.

Em vez disso, novos dados publicados pelas organizações da sociedade civil Public Eye e Unearthed mostram que as exportações aumentaram desde que a comissão fez essas promessas. De acordo com registros de notificações de exportação obtidos por meio de pedidos de acesso à informação, os países da UE exportaram quase 122.000 toneladas métricas de agrotóxicos proibidos em 2024, um aumento de 50% em relação aos últimos dados relatados em 2018.

Três quartos das exportações de agrotóxicos proibidos pela UE em 2024 foram para países de baixa e média renda, onde as regulamentações para proteger contra os danos da exposição a esses produtos químicos costumam ser mais fracas. Por exemplo, de acordo com as notificações de exportação, a UE exportou quase 15.000 toneladas métricas de agrotóxicos proibidos pela UE para o Brasil em 2024. Uma pesquisa da Human Rights Watch no Brasil mostrou que proteções fracas contra a exposição a agrotóxicos, como zonas de segurança cada vez menores e um sistema regulatório inadequado, exacerbam graves danos e riscos à saúde e aos direitos humanos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou esse duplo padrão, dizendo que as empresas de agrotóxicos exercem “pressão” sobre os legisladores brasileiros, contribuindo para um ambiente regulatório mais fraco.

A Comissão Europeia deveria ter agido há muito tempo. A comissão deveria publicar urgentemente os resultados da avaliação de impacto iniciada em 2023 com um cronograma claro para as próximas etapas e apresentar uma proposta legislativa antes do final de 2025 para proibir a fabricação e exportação de agrotóxicos proibidos na UE. 

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