Skip to main content

Brasil Descumpre Promessa de Lançar Aguardado Plano de Redução de Agrotóxicos

Autoridades deveriam garantir uma implementação adequada e sem demora

Trabalhador aplica fungicida após colheita de soja em Campo Mourão, Centro-Oeste do Paraná, Brasil, 14 de outubro de 2021. © 2021 Francisco Seco/AP Foto

O governo brasileiro não cumpriu seu compromisso de lançar o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos hoje, Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos. O Brasil está entre os maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, muitos dos quais são altamente perigosos.

Embora o plano tenha sido elaborado em 2014, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) tem repetidamente bloqueado seu avanço. O fracasso dos ministérios envolvidos em chegarem a um acordo no dia de hoje é decepcionante para os cientistas, ativistas e agricultores familiares que lutam pelo programa há mais de uma década.

Possíveis atualizações no conteúdo do plano não foram divulgadas. O grupo interministerial responsável pelo plano deveria levá-lo adiante com urgência, sem mais adiamentos e sem enfraquecer a proposta de 2014.

O plano original de redução de agrotóxicos tem seis eixos. Inclui iniciativas para melhorar o monitoramento e a pesquisa sobre a exposição a agrotóxicos e os impactos na saúde, fortalecer as regulamentações sobre a pulverização de agrotóxicos, criar zonas livres de agrotóxicos, eliminar os benefícios fiscais aos agrotóxicos e incentivar alternativas agroecológicas, inclusive aumentando o acesso a créditos financeiros para produtores orgânicos.

De acordo com o plano original, o processo de registro deverá aplicar o princípio da precaução na avaliação de agrotóxicos, o que significa que o Brasil limitaria ou proibiria o uso de um agrotóxico sempre que houver razão para acreditar que ele poderia causar danos. Essa medida é ainda mais importante após a aprovação do “Pacote do Veneno”, que reduziu o papel dos ministérios da saúde e do meio ambiente na aprovação do uso de agrotóxicos, deixando o protagonismo com o MAPA.

O plano original também busca fortalecer o processo de registro de agrotóxicos e interromper o uso de daqueles que são proibidos em outros países devido aos riscos à saúde ou ao meio ambiente. Entre eles estão agrotóxicos proibidos na União Europeia, mas exportados e vendidos no Brasil. Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou esse duplo padrão e o que descreveu como pressão de “empresários dos agrotóxicos” sobre o Congresso.

Investigações recentes revelaram que alguns fabricantes de agrotóxicos estão se reunindo frequentemente com o governo brasileiro. O grupo de jornalismo investigativo O Joio e O Trigo recentemente publicouuma investigação que revela que lobistas do agronegócio e agroquímicos tiveram 752 reuniões entre outubro de 2022 e agosto de 2024 com autoridades do governo federal. Dessas reuniões, mais da metade foi realizada por um dos três fabricantes europeus de agrotóxicos: BASF, Bayer ou Sygenta. Uma pesquisa recente liderada pela Repórter Brasil, com a colaboração da Human Rights Watch, mostrou que os lobistas do agronegócio estão frequentemente visitando o MAPA por uma porta privada.

As autoridades que impulsionam o plano de redução de agrotóxicos enfrentam forte oposição do agronegócio e das indústrias agroquímicas, mas deveriam permanecer leais aos importantes compromissos do plano. Já se passaram dez anos desde que o plano foi elaborado. Não deveria levar mais dez para colocá-lo em prática.

GIVING TUESDAY MATCH EXTENDED:

Did you miss Giving Tuesday? Our special 3X match has been EXTENDED through Friday at midnight. Your gift will now go three times further to help HRW investigate violations, expose what's happening on the ground and push for change.
Região/País
Tema