Skip to main content

Absolvição de jornalista angolano é uma vitória para a liberdade de expressão


Tribunal reconhece liberdade de imprensa e de expressão

O célebre jornalista de investigação Rafael Marques aguarda a sentença no Tribunal Provincial de Luanda. A juíza absolveu Rafael Marques e Mariano Brás das acusações de insulto ao Estado em 6 de julho de 2018. © 2018 Luaty Beirão

Um tribunal em Luanda, capital de Angola, absolveu hoje o jornalista de investigação Rafael Marques e o editor Mariano Brás por acusações de insulto ao Estado, o que representa uma grande vitória para a liberdade de imprensa num país onde a comunicação social tem sido alvo de repressão por parte do governo.

Os dois jornalistas foram acusados ​​em 21 de junho de 2017 de “ultraje ao órgão de soberania e injúria ao poder público”, ao abrigo da Lei dos Crimes contra a Segurança do Estado, no seguimento da publicação de um artigo sobre a aquisição alegadamente ilícita de um terreno na qual o Procurador-geral da República, João Maria de Sousa, esteve envolvido.

O artigo ̶ inicialmente publicado em novembro de 2016 no site de Rafael Marques, MakaAngola, e retomado por Mariano Brás na sua publicação, O Crime ̶ alegava que João Maria de Sousa agira ilicitamente como promotor imobiliário, excedendo as suas funções oficiais. Também sugeria que o ex-presidente, José Eduardo dos Santos, apoiara as ações do Procurador-geral.

Os magistrados do Ministério Público argumentaram que os jornalistas agiram de má-fé e que violaram os princípios éticos do jornalismo. No entanto, a juíza discordou.

Na leitura da sentença, que se prolongou durante quase três horas, a juíza Josina Ferreira Falcão ressalvou a importância de sujeitar os funcionários públicos à crítica e ao escrutínio. "Este tribunal acredita que, enquanto sociedade que deseja evoluir, estaremos a ter um mau desempenho se punirmos os portadores de más notícias", disse.

A decisão inesperada representa uma vitória para a liberdade de imprensa num país onde a comunicação está sujeita a um apertado controlo e em que é frequente as autoridades reprimirem a cobertura de casos de corrupção que envolvem funcionários do governo, por meio de intimidação e do uso abusivo da legislação em matéria de difamação.

Em 23 de janeiro de 2017, o então presidente José Eduardo dos Santos promulgou a Lei de Imprensa, que limita a liberdade de expressão, apesar da oposição dos sindicatos e grupos de direitos dos jornalistas. O Sindicato dos Jornalistas Angolanos disse que a lei é “uma ferramenta política para intimidar a imprensa”.

Na sequência da decisão judicial histórica de hoje, o governo angolano deve ir mais longe e alterar a lei de 2017 para que os jornalistas possam fazer o seu trabalho num ambiente livre.

GIVING TUESDAY MATCH EXTENDED:

Did you miss Giving Tuesday? Our special 3X match has been EXTENDED through Friday at midnight. Your gift will now go three times further to help HRW investigate violations, expose what's happening on the ground and push for change.
Região/País