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A COP30 deveria entregar ações ousadas sobre clima e direitos

A liderança do Brasil é necessária na eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e para a proteção das florestas e do espaço cívico

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anuncia investimentos no Parque da Cidade, local que sediará as atividades da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) de 2025, em Belém, no Pará, Brasil, em 14 de fevereiro de 2025 © 2025 Agencia Estado via AP Photo

Hoje, a Human Rights Watch enviou uma carta à André Aranha Corrêa do Lago, presidente designado da Conferência Anual das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), e à Ana Toni, diretora executiva da COP30, destacando as prioridades que o Brasil poderia defender antes e durante a COP30, que será realizada em Belém em novembro de 2025. 

A COP30 chega em um momento crítico. Marcando o 10º aniversário do Acordo de Paris, a conferência acontece em meio a uma aceleração alarmante da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, mas a COP29, realizada no Azerbaijão, não conseguiu avançar na limitação do aquecimento global abaixo de 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Isso torna a COP30 uma oportunidade vital para a ação climática, e o Brasil está em uma posição única para catalisar resultados ambiciosos. 

Na carta, a Human Rights Watch instou a Presidência da COP30 a priorizara eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. Apesar do compromisso histórico da COP28 de transição para longe dos combustíveis fósseis, nenhum progresso significativo foi feito na COP29. A COP30 deveria avançar na implementação desse compromisso, incorporando a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis à agenda das negociações. Além disso, instamos o Brasil a chegar a um acordo sobre os princípios da transição justa que se alinhem com o direito internacional dos direitos humanos, incluindo, em especial, os direitos econômicos, sociais e culturais, e o direito ao desenvolvimento.

Em relação às florestas, enfatizamos a importância de promover os direitos à terra e a plena participação dos povos indígenas e das comunidades locais, especialmente quanto às decisões tomadas no contexto do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) , uma nova iniciativa que pode desempenhar um papel fundamental no combate ao desmatamento tropical.

Também instamos o Brasil a proteger o espaço cívico em torno da COP30 para garantir que a sociedade civil, ativistas e povos indígenas possam se envolver de forma significativa nas negociações. O Brasil deveria tornar público o futuro Acordo do país anfitrião e alinhá-lo com a legislação internacional de direitos humanos. Isso inclui salvaguardas explícitas dos direitos humanos e proteções para a liberdade de expressão, associação e reunião pacífica.

Como anfitrião da COP30, o Brasil tem a oportunidade de defender o multilateralismo e garantir que a resposta global às mudanças climáticas esteja ancorada nos direitos humanos. Ao priorizar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, o direito à terra e a proteção das florestas, além de um espaço cívico inclusivo, o Brasil pode ajudar a conduzir as negociações em direção a resultados que correspondam à escala da crise climática. 

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