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A COP30 não enfrentou as causas da crise climática

A Cúpula climática terminou com resultados fracos em relação aos combustíveis fósseis e às florestas

Indigenous people attend a protest to call for climate justice and territorial protection during the U.N. Climate Change Conference (COP30), in Belem, Brazil, November 17, 2025.
Povos indígenas participam de um protesto para reivindicar justiça climática e proteção territorial durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, Brasil, em 17 de novembro de 2025. © 2025 Anderson Coelho/Reuters

Em Belém, Brasil, enquanto a cúpula climática das Nações Unidas (COP30) se reunia, eu marchei ao lado de milhares de ativistas e povos indígenas pedindo aos governos que abordassem urgentemente as mudanças climáticas e protegessem os direitos humanos. 

Como os países que sediaram as COPs anteriormente proibiram tais manifestações, a marcha de 15 de novembro foi emocionante. No entanto, apesar dos apelos claros e poderosos da sociedade civil para que a cúpula tomasse medidas mais ousadas sobre as mudanças climáticas e defendesse os direitos humanos, a COP30 não conseguiu avançar em duas questões fundamentais: combustíveis fósseis e desmatamento.

A Human Rights Watch documentou como as comunidades próximas a locais de extração de carvão, petróleo e gás sofrem graves danos à saúde e como os povos indígenas e outras comunidades dependentes da floresta continuam sendo vítimas de violência e grilagem de terras. Antes da cúpula, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, instou os países a concordarem com “mapas do caminho” para superar a dependência dos combustíveis fósseis e reverter o desmatamento, que tem tido um impacto desastroso para as comunidades indígenas do país. Durante as negociações, mais de 80 países, liderados pela Colômbia e apoiados por Estados vulneráveis às mudanças climáticas, pressionaram para que o texto final da conferência incluísse um roteiro sobre combustíveis fósseis.  

Mas essa iniciativa foi contestada por países produtores, incluindo Índia, Rússia e Arábia Saudita, e o texto final além de não mencionar combustíveis fósseis, evita quaisquer compromissos concretos ou prazos para a sua eliminação gradual. Da mesma forma, o texto final da COP30 omitiu um roteiro para o fim do desmatamento ou compromissos vinculativos para proteger as florestas, ficando aquém das evidências científicas e das demandas das comunidades da linha de frente.

As iniciativas mais promissoras agora parecem estar fora do processo formal da COP. Embora os detalhes ainda sejam escassos, a presidência brasileira da COP anunciou a criação de dois roteiros: um para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e outro para o fim do desmatamento. O próximo passo concreto para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis é uma conferência a ser coorganizada pela Colômbia e pela Holanda em abril de 2026. No âmbito do processo da COP30, os países concordaram em estabelecer um mecanismo para a transição justa, comprometeram-se a triplicar o financiamento para a adaptação até 2035 e deram um passo sem precedentes ao reconhecer “os direitos dos povos indígenas, bem como seus direitos à terra e seus conhecimentos tradicionais” na decisão final da COP30. 

Mas para uma cúpula destinada a promover esforços globais para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa, a falta de progresso tangível em relação aos combustíveis fósseis e ao desmatamento significa que a COP30 ficou muito aquém do necessário para proteger as pessoas e o planeta. 

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