Após meses de deliberação e reuniões inconclusivas sobre como combater a violência no norte de Moçambique, os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) acordaram na quarta-feira, enviar uma força militar regional para ajudar as forças governamentais a combater um grupo armado afiliado ao Estado Islâmico (ISIS).
Uma declaração da SADC emitida em Maputo, capital de Moçambique, carecia de detalhes operacionais cruciais, como o papel que a Força de Reserva anunciada iria desempenhar em relação às forças armadas de Moçambique, bem como quantas tropas seriam destacadas e quando.
Desde Outubro de 2017, o grupo islâmico armado conhecido como Ansar al-Sunna tem vindo a atacar aldeias, matar civis e destruir propriedades e infraestruturas, incluindo escolas e centros de saúde, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Em Agosto de 2020,o grupo atacou e assumiu o controlo da importante cidade portuária de Mocimboa da Praia, de onde os seus combatentes aparentemente lançaram um ataque massivo à cidade de Palma em Março, matando dezenas de pessoas e deslocando milhares.
Na segunda-feira, o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o seu homólogo do Botswana, o presidente Mokgweetsi Masisi, lançaram o Centro de Operações Humanitárias e de Emergência (COHE) da SADC, que visa melhorar a preparação e resposta regional às crises humanitárias. Não está claro como este centro ajudará a atender às necessidades imediatas de proteção, abrigo, alimentação e outras necessidades dos civis e dos mais de 700 000 deslocados internos em Cabo Delgado.
Os líderes da SADC devem tomar rapidamente medidas concretas para evitar uma maior deterioração da situação humanitária em Cabo Delgado, que tem potencial para se espalhar por toda a região. Devem começar por comunicar claramente que a Força de Reserva e o Centro de Operações Humanitárias e de Emergência irão, a curto prazo, melhorar a proteção dos civis, tomar medidas para prevenir abusos dos direitos humanos por parte de grupos armados e das forças de segurança do governo e procurar garantir que os responsáveis por violações na crise de Cabo Delgado são chamados a prestar contas.