Em 9 de novembro, ataques aéreos israelenses atingiram o Centro Médico Al-Nasr na Cidade de Gaza, cortando o suprimento de oxigênio da unidade de terapia intensiva neonatal. O ataque forçou a evacuação da equipe no dia seguinte, que teve que deixar recém-nascidos, que não podiam ser transportados, sozinhos na unidade de terapia intensiva, de acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras. Em 28 de novembro, durante o cessar-fogo, a equipe médica pode retornar e encontraram cinco bebês mortos.
As autoridades de Gaza informaram que mais de 6.000 crianças palestinas foram mortas em Gaza desde o ataque liderado pelo Hamas em Israel em 7 de outubro. Esse ataque matou pelo menos 33 crianças, de acordo com as autoridades israelenses, e 40 crianças foram feitas reféns.
A resposta de Israel incluiu bombardeios que forçaram repetidamente o fechamento ou a transferência de maternidades e clínicas de saúde reprodutiva. Israel também cortou o fornecimento de eletricidade a Gaza e proibiu, por mais de um mês, a entrada do combustível necessário para o funcionamento de geradores que alimentavam equipamentos hospitalares, como incubadoras, apesar dos alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que os recém-nascidos morreriam.
O único centro de prestação de serviços da Associação Palestina de Planejamento e Proteção Familiar (PFPPA) em Gaza foi destruído por um ataque aéreo israelense a um prédio adjacente em 8 de outubro, disse o diretor executivo Ammal Awadallah à Human Rights Watch. Awadallah disse que as parteiras e os profissionais de saúde em Gaza são “uma tábua de salvação para as cerca de 180 mulheres que dão à luz todos os dias”, mas os ataques os forçaram a prestar atendimento por telefone “quando há conectividade”.
Awadallah disse que uma colega estava prestando serviços pré e pós-natal em um abrigo “depois que sua casa foi destruída pelos bombardeios”, enquanto a assistente social da PFPPA estava “tentando dar apoio” na casa de um familiar. A OMS informou que 22 profissionais de saúde foram mortos em “ataques a serviços de saúde” em Gaza até 21 de novembro.
As operações militares israelenses forçaram a maternidade do principal hospital de Gaza, al-Shifa, a ser evacuada para o Hospital Internacional Al-Helou, originalmente uma unidade de tratamento de câncer. Mais tarde, um projétil israelense atingiu o Al-Helou, de acordo com a OMS. Sem eletricidade para as incubadoras, cinco bebês prematuros morreram em al-Shifa antes que os sobreviventes fossem evacuados em 19 de novembro, de acordo com as Nações Unidas. Em 20 de novembro, todos os bebês evacuados estavam “lutando contra infecções graves” e um terço estava “gravemente doente”, de acordo com a OMS.
Com o acordo de cessar-fogo, 36 crianças israelenses que estavam como reféns foram devolvidas a suas famílias. Todos os civis mantidos como reféns deveriam ser libertados; a tomada de reféns é um crime de guerra. Israel ampliou a quantidade de combustível e a ajuda humanitária que permite entrar em Gaza, mas isso não é suficiente. O governo israelense deveria encerrar imediatamente os ataques ilegais a instalações médicas e o bloqueio de Gaza; a punição coletiva de 2,2 milhões de pessoas é um crime de guerra.