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Mortes de indígenas Guajajara ofuscam Dia da Amazônia

Políticas do governo brasileiro minam a proteção dos direitos indígenas

 

Janildo Guajajara © Guardiões da Floresta

No Brasil, as notícias sobre o assassinato de um guardião da floresta no Maranhão ofuscaram a celebração do Dia da Amazônia, em 5 de setembro, ao colocar em pauta a realidade da floresta e os perigos a seus defensores.

Segundo a imprensa, Janildo Oliveira Guajajara foi morto a tiros no dia 3 de setembro perto da Terra Indígena Araribóia, onde morava, na Amazônia brasileira. Ele integrava o grupo de Guardiões da Floresta dos indígenas Guajajara, que patrulham seu território para deter invasores. O sobrinho adolescente de Janildo também ficou ferido na ocasião, mas sobreviveu.

No mesmo dia, outro indígena Guajajara, Jael Carlos Miranda, também morreu depois de ter sido atropelado por um veículo na cidade próxima de Arame. No momento da redação deste artigo, não estava claro se os eventos são relacionados.

A polícia civil está investigando se as mortes estão relacionadas a conflitos com madeireiros que operam ilegalmente em Araribóia.

No final de 2017, eu e meu colega César Muñoz fomos à Araribóia para entrevistar guardiões Guajajara como Janildo, que já enfrentavam ameaças de morte e outras formas de intimidação por conta de seu trabalho de combate aos madeireiros. Araribóia mantém o pouco de floresta amazônica que sobrevive no estado do Maranhão, em grande parte por causa do trabalho feito pelos Guajajara para fechar ramais e estradas não autorizadas de extração de madeira.

Na época da nossa visita, a fiscalização ambiental estava visivelmente ausente no estado. Muitos defensores nos disseram que sentiam que precisavam assumir esse papel.

Tragicamente, os riscos enfrentados por defensores da floresta, especialmente indígenas como eles, estavam prestes a piorar consideravelmente.

Desde 2019, o governo brasileiro tem promovido políticas que facilitam a invasão de terras indígenas e enfraqueceram a agência encarregada de proteger os direitos de povos indígenas. De fato, o presidente da agência afastou servidores experientes de cargos de liderança e pediu à polícia que abrisse investigações criminais contra servidores, lideranças indígenas e até membros do Ministério Público por defenderem os direitos indígenas.

Enquanto os brasileiros se preparam para ir às urnas para eleger um presidente em outubro, alguns ativistas temem que fazendeiros, madeireiros e garimpeiros operando ilegalmente estejam correndo para aproveitar o máximo que podem, caso os resultados das eleições não os favoreçam.

A polícia brasileira deveria conduzir uma investigação minuciosa sobre o ataque que levou à morte de Janildo e aos ferimentos de seu sobrinho, bem como a morte de Jael. Além disso, deveria trabalhar com as autoridades judiciais para que os responsáveis sejam levados à justiça.

 

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