O governo do Rio de Janeiro precisa assegurar uma investigação imediata, completa e imparcial das mortes de indivíduos desarmados relatadas durante confrontos recentes entre grupos criminosos e a polícia, disse hoje a Human Rights Watch. Quem quer que seja responsável por mortes em desacordo com a lei deve ser levado a julgamento.
Segundo números oficiais citados pela imprensa, uma operação policial com o objetivo de desmantelar grupos de traficantes no Complexo do Alemão, uma região pobre do Rio de Janeiro, resultou na morte de 44 pessoas nos últimos dois meses. A violência chegou ao ápice na quarta-feira, quando 19 pessoas foram mortas durante confrontos entre a polícia e traficantes. Órgãos de imprensa relataram alegações de moradores de que muitas das mortes foram execuções sumárias pela polícia.
“Uma investigação completa dessas mortes é absolutamente fundamental para estabelecer a verdade e melhorar a confiança da população na polícia”, disse José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch. “O Estado deve assegurar investigações independentes que resultem em julgamentos de quem quer que tenha agido em desacordo com a lei.”
De acordo com o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, todas as mortes ocorreram em confrontos com a polícia. Moradores da região, contudo, disseram à imprensa que a polícia matou e feriu pessoas desarmadas. Três adolescentes, de 13, 14 e 16 anos de idade estavam entre os oito mortos identificados até ontem. Moradores também afirmaram que a polícia matou um menino de dez anos de idade.
No ano passado, 1.063 pessoas foram mortas em supostos confrontos com a polícia no Estado do Rio. Segundo o Instituto de Segurança Pública, órgão responsável pelas estatísticas oficiais, nos primeiros quatro meses de 2007, houve 449 mortes registradas em “autos de resistência”, um aumento de 36,5% em relação ao mesmo período no ano passado.
A operação no Complexo do Alemão ocorre duas semanas antes do início dos Jogos Panamericanos na cidade.