Uma operação conduzida pelas polícias civil e militar no Complexo do Alemão em 21 de julho de 2022, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, tornou-se uma das mais letais da história do Rio de Janeiro.
Autoridades policiais confirmaram que ao menos 18 pessoas morreram, mas notícias na imprensa indicam que o número de vítimas pode ser maior. A ouvidoria da Defensoria Pública do Rio de Janeiro disse que há relatos de sérias violações de direitos humanos, incluindo invasão de casas, agressões físicas, tortura, ameaças e não prestação de socorro a pessoas feridas.
“Lamentamos profundamente que a população do Rio de Janeiro mais uma vez tenha assistido a uma ação policial com grande número de mortes e fortes impactos na comunidade, desta vez no Complexo do Alemão,” disse Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil. “O Ministério Público do estado do Rio de Janeiro e o Ministério Público Federal deveriam conduzir imediatamente uma investigação minuciosa e independente para determinar os responsáveis e as circunstâncias das mortes e ferimentos, conforme o mandato constitucional de exercer o controle externo sobre a polícia.”
Em junho de 2020, o Supremo Tribunal Federal proibiu operações em comunidades do Rio, exceto em “hipóteses absolutamente excepcionais”. A polícia não tem cumprido adequadamente a decisão. O estado do Rio registrou 628 mortes decorrentes de ação policial somente no primeiro semestre de 2022.
“O governo do estado do Rio de Janeiro deveria imediatamente construir e implementar um plano de redução da letalidade policial que seja adequado e em consulta com a sociedade civil, conforme determinou o Supremo Tribunal Federal,” disse Canineu. “A investigação e responsabilização em caso de abuso policial são essenciais para romper o ciclo de violência que coloca moradores e a própria polícia em risco, com consequências desastrosas para a segurança pública.”