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A Human Rights Watch manifesta profunda preocupação com as notícias sobre ataques de garimpeiros, nesta quarta (26), contra lideranças indígenas Munduruku, no estado do Pará. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), garimpeiros armados que atuam na região invadiram a aldeia Fazenda Tapajós, em Jacareacanga, e atearam fogo em várias casas. Uma delas pertence à Maria Leusa Munduruku, coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn e voz proeminente contra as atividades ilegais de garimpo. Lideranças locais informaram ao MPF que o grupo de garimpeiros se deslocava para possíveis ataques a outras aldeias. Outras lideranças indígenas seguem sob ameaça, segundo uma fonte local.

O ataque ocorre no mesmo dia em que garimpeiros tentaram impedir, com suposto apoio de autoridades locais, a operação Mundurukânia da Polícia Federal, Rodoviária, Ibama e Força Nacional contra as atividades ilegais nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza. A operação responde a uma determinação do Supremo Tribunal Federal para que o governo adote imediatamente medidas de proteção das populações indígenas nas terras Yanomami e Munduruku após pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

É muito preocupante que garimpeiros estejam encorajados a usar a violência mesmo com uma grande operação na região. Desde que assumiu o cargo, o governo Bolsonaro tem sabotado agências de fiscalização ambiental, possibilitando uma impunidade generalizada por infrações ambientais. Suas ações e palavras efetivamente deram sinal verde à mineração e ao desmatamento ilegais na Amazônia. Bolsonaro deveria repudiar publicamente e categoricamente as invasões ilegais de territórios indígenas e os atos de violência e intimidação contra defensores da floresta. Ele deveria mudar sua retórica e manifestar total apoio do governo federal aos esforços de fiscalização para que as forças policiais e agências ambientais permaneçam no local, inclusive com recursos suficientes para garantir o cumprimento da legislação brasileira.

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