Skip to main content

Equador: Candidato presidencial é assassinado

É urgente investigar o assassinato e tomar medidas frente o aumento da violência

O candidato presidencial Fernando Villavicencio agita uma bandeira equatoriana durante um evento de campanha em uma escola antes de ser assassinado a tiros do lado de fora desta escola em Quito, Equador, em 9 de agosto de 2023. © 2023 Reuters/Karen Toro

(Washington D.C.) - O assassinato do candidato presidencial equatoriano Fernando Villavicencio é um atentado contra a democracia do Equador e evidencia a crise de violência no país.

Em 9 de agosto de 2023, um indivíduo atirou e matou Villavicencio quando este saía de um evento de campanha em Quito, capital do país, dias antes da eleição presidencial de 20 de agosto. Villavicencio, jornalista e ex-legislador, tinha um longo histórico de fazer denúncias de corrupção, violações de direitos humanos e abusos por crime organizado. A Procuradoria Geral informou que um suspeito foi ferido durante os confrontos com a polícia e morreu pouco depois. Outras seis pessoas foram presas. Villavicencio tinha relato ter recebido ameaças de um grupo criminoso chamado dos Los Choneros, que segundo ele está associado a organização de narcotráfico cartel de Sinaloa.

“O assassinato de Fernando Villavicencio é um alerta para a democracia do Equador”, disse Juanita Goebertus, diretora da Human Rights Watch para as Américas. “O aumento do crime organizado está colocando em risco a vida dos equatorianos e de suas instituições. São necessárias políticas de segurança urgentes e que respeitem os direitos humanos para proteger os equatorianos efetivamente.”

Entre 2021 e 2022, a taxa de homicídios do Equador aumentou de 13,7 para mais de 25 por cada 100.000 habitantes. Essa é a taxa mais alta da história do Equador e significativamente maior do que a média global de 6 por cada 100.000 habitantes. Espera-se que a taxa aumente ainda mais este ano.

Dois grandes grupos criminosos – os Choneros e os Lobos – operam no Equador, em aliança com narcotraficantes colombianos, mexicanos e albaneses. Os grupos estão disputando o controle territorial e aumentaram seus atos de violência.

As autoridades e a imprensa têm reportado casos de pessoas foram decapitadas e desmembradas, ataques com explosivos e assassinatos de juízes, promotores, jornalistas e outros candidatos políticos. Em 23 de julho, homens armados mataram Agustín Intriago, o prefeito da cidade costeira de Manta.

Dois em cada três equatorianos não se sentem seguros andando sozinhos à noite, segundo uma pesquisa de segurança realizada em 2022 pela Gallup, uma empresa de análise global. Este é o pior resultado de todos os países pesquisados na América Latina. A Polícia Nacional informou ter recebido cerca de 5.000 denúncias de extorsão entre janeiro e dezembro de 2022, o maior número da história recente. As denúncias de extorsão quase dobraram até agora em 2023. As vítimas incluíam proprietários de pequenas empresas, trabalhadores do setor de transporte e saúde, entre outros.

Os grupos criminosos também controlam várias prisões, segundo investigações da Human Rights Watch, e nos últimos anos mataram mais de 600 pessoas em uma série de massacres em prisões.

Em resposta à onda de violência, o presidente Guillermo Lasso tem declarado uma série de estados de emergência em algumas cidades do país, suspendendo direitos constitucionais. O governo também tem mobilizado as forças armadas e realizado operações em prisões. Após o assassinato de Villavicencio, Lasso ampliou o estado de emergência para todo o país.

O governo deveria implementar políticas de segurança e justiça que respeitem os direitos humanos e combater as causas da criminalidade, incluindo os altos níveis de pobreza e exclusão social, disse a Human Rights Watch. É essencial impulsar processos criminais estratégicos focados em abusos violentos, especialmente aqueles cometidos por membros seniores de gangues ou agressores recorrentes, e em cortar suas redes de financiamento, apoio político e fornecimento de armas.

As autoridades deveriam procurar reduzir de forma permanente o poder do crime organizado, inclusive considerando abordagens alternativas à política de drogas que reduziriam a lucratividade do comércio ilegal de drogas.

“Os contínuos estados de emergência não tornaram os equatorianos mais seguros”, disse Goebertus. “O governo precisa implementar uma política de segurança eficaz e legítima que proteja seus cidadãos e busque desmantelar o crime organizado.”

GIVING TUESDAY MATCH EXTENDED:

Did you miss Giving Tuesday? Our special 3X match has been EXTENDED through Friday at midnight. Your gift will now go three times further to help HRW investigate violations, expose what's happening on the ground and push for change.
Região/País