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Precisamos encontrar jornalista e indigenista desaparecidos na Amazônia

Dom Phillips e Bruno Pereira sumiram em 5 de junho

Funcionários da Fundação Nacional do Índio, FUNAI, exibem um grande cartaz com imagens do jornalista britânico Dom Phillips, à esquerda, e do indigenista Bruno Pereira, e com a frase “Onde estão eles?” durante uma vigília em Brasília, Brasil, 9 de junho de 2022. © 2022 AP Photo/Eraldo Peres

Conheço o jornalista Dom Phillips há anos. Lembro-me dele me contando durante um jantar sobre  como escrevia sobre música em sua terra natal, o Reino Unido, até  se mudar para o Brasil depois de se apaixonar pelo país durante uma visita em 2007.

Ele e o indigenista Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho durante uma viagem na Amazônia.

Em 2016, Dom escreveu um excelente artigo para o Washington Post sobre um relatório que produzi para a Human Rights Watch sobre violência policial. O relatório foi baseado principalmente em entrevistas com policiais. Indo além da manchete, Dom escreveu sobre, como ele mesmo disse, “as tentações, pressões e falhas organizacionais por trás da cultura de violência e medo da polícia do Rio”. Fiquei tocado porque as nuances de sua escrita transmitiam exatamente o esforço de minha pesquisa.

Essa empatia permeia as profundas  reportagens de Dom sobre os povos indígenas e a destruição ambiental na Amazônia, um tema sobre o qual ele se concentrou cada vez mais.

Bruno Pereira foi o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Fundação Nacional do Índio (Funai). O governo Bolsonaro o exonerou dessa posição, assim como fez com outros servidores públicos comprometidos com a defesa da floresta e de seu povo.

Bruno passou a contribuir com o trabalho de uma organização indígena no Vale do Javari, área perigosa onde grupos criminosos envolvidos em extração ilegal de madeira, garimpo e tráfico de drogas atacam qualquer um que atravesse seu caminho. A situação piorou sob o governo de Jair Bolsonaro, que enfraqueceu a fiscalização ambiental e a proteção das terras indígenas.

Bruno recebia ameaças por seu trabalho há anos.

As autoridades perderam um tempo precioso depois que ele e Dom desapareceram. Mais de 30 horas depois, o Comando Militar da Amazônia do Exército Brasileiro– que possui recursos significativos na área – disse que ainda aguardava a ordem para participar das buscas. O governo levou mais de 48 horas para autorizar a busca aérea.

Até o momento,  não foram encontrados vestígios de Dom e Bruno. As buscas precisam ser intensificadas.

O presidente Bolsonaro, que rotineiramente menospreza a imprensa e os direitos dos povos indígenas, disse que os dois embarcaram numa “aventura não recomendável”.

A aventura deles foi se importar com os povos indígenas e a Amazônia durante um governo que não se preocupou com nenhum deles.

 

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