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Carro de Maksym Maksymenko atingido por balas em Hostomel, Ucrânia. As forças russas atiraram contra o veículo em 28 de fevereiro de 2022, enquanto Maksym tentava fugir com sua mãe, sogra, esposa e filho pequeno. Maksym e sua esposa ficaram feridos, sua mãe morreu. © Abril de 2022 Richard Weir/Human Rights Watch

(Kiev) - As forças russas dispararam contra veículos de civis em três incidentes distintos nas regiões de Kiev e Chernihiv na Ucrânia, causando a morte de seis civis e ferindo outros três. Em um dos casos, um homem foi retirado de uma van e executado sumariamente.

“Os soldados russos nos postos de controle atiraram contra os veículos que passavam, aparentemente sem realizar nenhum esforço para verificar se os passageiros eram civis”, afirmou Belkis Wille, pesquisadora sênior de Crises e Conflitos na Human Rights Watch. “A obrigação de distinguir civis e combatentes é um imperativo, assim como a proibição de atacar civis, seja em suas casas, nas ruas ou em seus carros”.

A Human Rights Watch entrevistou nove testemunhas presentes nos incidentes, incluindo duas que foram feridas durante esses ataques. Os pesquisadores visitaram os locais dos três incidentes e examinaram os quatro carros que receberam disparos. As testemunhas afirmam que não havia forças ucranianas nas proximidades na ocasião.

O grande número de veículos civis atualmente imobilizados em estradas nas regiões de Kiev e Chernihiv com perfurações de tiro, marcas de queimaduras e outros sinais de destruição sugere que as forças russas também atingiram outros civis em ataques ilegais similares. As forças russas devem respeitar os civis que tentam fugir das hostilidades e facilitar a chegada de ajuda humanitária imparcial aos civis em todo o território sob seu controle.

Dois dos incidentes ocorreram em Hostomel, uma cidade a cerca de 20 quilômetros a noroeste de Kiev. As forças russas tentaram tomar a área no primeiro dia de sua invasão, em 24 de fevereiro de 2022, e tentaram tomar o controle do aeroporto militar da cidade. As forças russas ocuparam a área durante grande parte do mês de março, antes de deixar a região de Kiev em 31 de março.

Em 28 de fevereiro, as forças russas abriram fogo contra dois veículos que transportavam nove civis que tentavam deixar a área. Em 3 de março, eles dispararam contra um veículo com quatro homens que estavam a caminho de negociações para a entrega de ajuda humanitária. O terceiro incidente ocorreu na vila de Nova Basan, na região de Chernihiv, 70 km a leste do centro de Kiev, quando as forças russas dispararam contra uma van civil que transportava dois homens, ferindo um deles. Soldados tiraram o segundo homem da van e o executaram sumariamente, enquanto o homem ferido escapava.

Segundo o direito humanitário internacional, ou as leis da guerra, civis nunca podem ser o alvo deliberado de ataques. As partes em um conflito armado devem tomar todas as precauções possíveis para minimizar os danos a civis e a propriedades de civis, e não realizar ataques que não distingam entre combatentes e civis. Qualquer pessoa que ordene ou cometa deliberadamente tais atos, ou que ajude o colabore na realização de esses atos, é responsável por crimes de guerra. Comandantes de forças que sabiam ou que tinham motivos para ter conhecimento sobre tais crimes, mas não tentaram impedi-los ou punir os responsáveis, são criminalmente responsáveis por crimes de guerra pela chamada responsabilidade de comando.

A Rússia deve conduzir investigações imparciais, minuciosas e transparentes sobre essas execuções e deve compensar as vítimas de qualquer ataque ilegal.

“Estes incidentes são indicativos de que as forças russas não respeitaram as obrigações de sempre distinguir combatentes e civis, e de minimizar os danos aos civis”, afirmou Belkis Wille. “As Forças Armadas russas têm a obrigação de investigar estes incidentes, responsabilizar seus autores e garantir que estes tipos de execuções não aconteçam”.

 

Para detalhes sobre os três incidentes, em inglês, acesse o link.

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