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Brasil: Forças Armadas não deveriam fazer contagem paralela de votos

Presidente Bolsonaro continua com perigosa campanha de desinformação

O presidente Jair Bolsonaro concede entrevista à imprensa sobre coronavírus, na portaria do Palacio da Alvorada, em Brasilia. © 2020 Agencia Estado via AP Images

(São Paulo, 29 de abril de 2022) – As Forças Armadas brasileiras não deveriam estabelecer um sistema paralelo de contagem de votos para as próximas eleições presidenciais, como quer o presidente Jair Bolsonaro, disse hoje a Human Rights Watch. O presidente Bolsonaro questionou o sistema de contagem de votos do Tribunal Superior Eleitoral sem fornecer nenhuma evidência de irregularidade e atacou o ex-presidente do tribunal, o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso.

Em 27 de abril de 2022, o presidente Bolsonaro, que destacou ser o “chefe supremo” das Forças Armadas, sugeriu que as Forças Armadas criassem um sistema paralelo de contagem “porque temos um computador também das Forças Armadas para contar os votos”, disse Bolsonaro, ex-capitão do Exército que empregou no governo federal mais de 6.000 membros da ativa e da reserva das Forças Armadas, incluindo cargos-chave em seu gabinete.

“O presidente Bolsonaro continua com sua campanha de desinformação imprudente e perigosa contra o sistema eleitoral brasileiro, repetindo alegações infundadas de fraude eleitoral e atacando autoridades eleitorais e judiciais independentes”, disse Maria Laura Canineu, diretora do Brasil da Human Rights Watch. “Ao lançar dúvidas infundadas sobre o sistema eleitoral e propor um sistema alternativo de contagem sob seu controle, o presidente Bolsonaro parece estar preparando as bases para contestar a vontade da população caso não seja reeleito ou até mesmo tentar cancelar a votação”.

Gerir um sistema eleitoral paralelo não é missão nem competência das Forças Armadas, disse a Human Rights Watch. Em uma democracia, o sistema eleitoral deve ser administrado e os votos devem ser contados por autoridades civis independentes, e não pelas Forças Armadas, que o próprio presidente Bolsonaro enfatizou estar sob seu comando.

“A comunidade internacional deve enviar uma forte mensagem ao presidente Bolsonaro de que qualquer tentativa de subverter o sistema democrático e o Estado de Direito é inaceitável”, disse Canineu.

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