Na ausência de ação internacional para impedir que o governo israelense continue seus graves crimes contra os palestinos em Gaza, pessoas de todo o mundo estão embarcando em flotilhas – que são pequenas frotas de embarcações – com o objetivo de quebrar o bloqueio ilegal de Israel a Gaza, entregar ajuda humanitária desesperadamente necessária e exigir o fim das atrocidades de Israel.
Esta semana, uma coalizão de ativistas do Norte da África, dos Estados do Golfo, da França, da Malásia e do Brasil lançou a iniciativa de ajuda internacional Global Sumud Flotilla, apesar das ameaças e do perigo.
Em 8 de setembro, ocorreu uma explosão, provocando incêndios a bordo do “Barco da Família” da frota. Os organizadores afirmaram que um objeto lançado por um drone atingiu o barco, uma embarcação com bandeira portuguesa que transportava membros do comitê diretor da frota, quando estava nas águas tunisianas, o que eles condenaram como um ato de intimidação. No dia seguinte, os organizadores relataram um segundo ataque de drone, divulgando imagens de video e uma foto de um objeto queimado encontrado no convés.
Mais de 63.000 palestinos foram mortos durante os ataques de Israel em Gaza nos últimos 23 meses, incluindo mais de 2.000 que tentavam acessar ajuda humanitária. Bairros inteiros foram reduzidos a escombros e, como a população sofreu bombardeios implacáveis, a maioria foi deslocada à força pelo menos uma vez.
À medida que as forças israelenses intensificam as operações na cidade de Gaza e continuam usar a fome como arma de guerra contra a população civil, desafiando as ordens do Tribunal Internacional de Justiça, é urgente que os Estados ajam.
Os governos deveriam usar toda a sua influência para impedir o genocídio, suspendendo a venda de armas a Israel, suspendendo acordos comerciais preferenciais e impondo sanções contra as autoridades israelenses responsáveis pelos abusos.
As flotilhas surgem em meio à inércia dos governos e podem colocar os participantes em grande risco. Alguns participantes de paises do Golfo Pérsico relataram ter sido impedidos de viajar pelas autoridades e aconselhados a não participar por motivos de segurança. As forças israelenses interceptaram flotilhas anteriores, detendo e deportando a maioria dos ativistas. Em 2010, quando as forças israelenses interceptaram o “Mavi Marmara”, um navio turco que participava de uma flotilha, mataram nove ativistas. Esse incidente serve como um lembrete para a comunidade internacional proteger os participantes da flotilha, que o ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, rotulou como “terroristas”.
As flotilhas são um meio pelo qual pessoas comuns podem se manifestar pacificamente no cenário mundial contra a ameaça de extermínio em massa. Mas não há algo que possa substuir as ações decisivas por parte dos governos para impedir abusos e garantir a responsabilização. Os governos deveriam garantir que os participantes não sejam obstruídos, atacados ou processados injustamente e deveriam pressionar Israel a encerrar seu bloqueio ilegal contra Gaza.