Liberdade de Imprensa
A cobertura noticiosa levada a cabo pelos órgãos de comunicação social estatais continuou a ser altamente tendenciosa a favor do governo e do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). O governo continuou a restringir a liberdade de expressão, através de censura exercida pelos órgãos de comunicação do estado e por alguns órgãos de comunicação privados controlados por militantes do partido no poder, que continuam a ser os únicos veículos com cobertura em todo o país. Em 2016, o canal de televisão estatal TPA convidou a oposição e grupos da sociedade civil para alguns debates, mas as discussões foram maioritariamente caracterizadas por uma orientação pró-governo. As redes sociais, blogues e sites de notícias privados operaram sem interferência, continuando a ser os principais canais de notícias e debates independentes. Em Agosto, sem qualquer consulta pública, o governo aprovou uma nova lei da imprensa que entregará o controlo regulamentar de todos os meios de comunicação social, à um novo órgão que será controlado pelo Estado e pelo partido no poder. O Sindicato dos Jornalistas Angolanos classificou a lei como sendo "um instrumento político para intimidar a imprensa" e prometeu levar o assunto ao Tribunal Constitucional.
Direito à Reunião Pacífica
O artigo 47.º da Constituição de Angola permite que os cidadãos protestem sem autorização prévia, desde que informem as autoridades com a devida antecedência. No entanto, os protestos pacíficos contra o governo foram repetidamente travados através de actos de intimidação e detenções. Quando foi possível levar a cabo manifestações pacíficas, estas foram quase sempre recebidas com força excessiva e detenções arbitrárias.
Tratamento dos Detidos
As condições de detenção continuam a ser pobres, com activistas locais e os meios de comunicação a denunciarem casos de corrupção, sobrelotação e violência nas cadeias. Em Abril, o governo angolano anunciou que iria inaugurar quatro novos estabelecimentos prisionais até ao final do ano, para ajudar a alojar o que se estima serem 24 000 detidos, distribuídos por 40 prisões em todo o país. Em Julho, o Parlamento aprovou uma lei da amnistia que concedeu liberdade a milhares de detidos condenados a penas de prisão de até 12 anos por crimes não violentos.
Abusos das Forças de Segurança
As forças de segurança continuaram a fazer uso de força excessiva com impunidade, com o governo incapaz de investigar e julgar os oficiais que cometeram violações graves dos direitos humanos. As autoridades recusaram os pedidos de grupos locais de direitos humanos, deputados da oposição do Parlamento e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para a abertura de uma comissão independente para investigar os acontecimentos de Abril de 2015, altura em que uma operação policial contra uma seita religiosa levou à morte de pelo menos 22 pessoas no Huambo. Em Abril de 2016, Julino Kalupeteka, o líder da seita e nove dos seus seguidores foram condenados a até 28 anos de prisão pelo assassinato de nove agentes da polícia durante uma rusga ao seu acampamento improvisado. No entanto, até à data, nenhum oficial das forças de segurança foi detido ou julgado pela morte dos membros da seita.
Direito à Saúde
O sistema de saúde de Angola, que já se encontrava sob pressão devido à queda dos preços do petróleo, teve dificuldade em responder aos surtos simultâneos de malária e febre amarela, apesar de ter uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), uma em cada cinco crianças em Angola não sobrevive até aos cinco anos de idade. Quase 3000 pessoas morreram de malária, predominantemente crianças, no primeiro trimestre do ano — um número muito maior do que em anos anteriores — porque, entre outras razões, o sistema de saúde ficou desprovido dos medicamentos básicos de combate à doença. Da mesma forma, o sistema de saúde esgotou as vacinas contra a febre amarela, que são essenciais para proteger as crianças contra esta doença potencialmente fatal. Tanto os medicamentos básicos contra a malária, como as vacinas contra a febre amarela fazem parte da Lista Modelo de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS). Como tal, os governos são obrigados a garantir a sua disponibilidade adequada, mesmo em períodos de crise económica. Houve também denúncias de escassez de outros medicamentos e provisões médicas essenciais, incluindo seringas e luvas, devido a cortes no orçamento da saúde.
Direitos à Habitação e Despejos Forçados
Actores Internacionais Fundamentais
Angola continuou a desempenhar um papel importante na região, principalmente nos conflitos na região dos Grandes Lagos de África. Enquanto presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (ICGLR), Angola organizou uma conferência internacional para discutir a situação na República Democrática do Congo. Na sequência de um convite por parte do governo, o Relator Especial da ONU para os direitos humanos dos migrantes visitou Angola em Maio. O oficial da ONU exortou Angola a ratificar o Protocolo Facultativo da Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes (OPCAT) e a estabelecer um Mecanismo Nacional de Prevenção que realize visitas regulares e sem aviso prévio a todos os lugares de detenção, incluindo centros de detenção de migrantes. Também renovou os apelos para que Angola crie uma instituição nacional independente de direitos humanos. Em Outubro, uma delegação da Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, liderada pela presidente e Relatora Especial para a Liberdade de Expressão e Acesso à Informação, visitou Angola a convite do governo.