Quando começarem os Jogos Olímpicos no Rio essa semana, equipes representarão mais de 200 países e territórios. Pela primeira vez, haverá também uma equipe representando as milhões de pessoas que não têm de fato um país para representar – refugiados de regimes repressivos que perseguem seus próprios cidadãos ou de Estados falidos que não conseguem protegê-los.
Em um ano em que os refugiados têm encontrado fronteiras, campos e mentes fechadas, o Comitê Olímpico Internacional teve uma inciativa notavelmente aberta: criou a Equipe Olímpica de Refugiados, composta por 10 atletas da Síria, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Etiópia, que tiveram que superar enormes obstáculos para poder competir.
Nesta sexta-feira no Brasil, esses atletas ocuparão lugar de destaque na cerimônia de abertura dos Jogos de 2016, como uma equipe única, lembrando o mundo da força de vontade e espírito de humanidade que também fazem parte do ideal olímpico, independentemente da bandeira nos uniformes dos atletas. Essa equipe representará a coragem e a determinação dos refugiados ao redor do mundo, que bravamente perseveraram depois de fugirem da guerra, de ataques violentos e de perseguição.
Um dos membros da equipe de refugiados é o nadador Rami Anis, 25, que competirá nos 100 metros borboleta. "Eu treinava e estava esperando a guerra terminar no meu país para que eu pudesse voltar a participar", disse ele. Como centenas de milhares de sírios, Rami tomou a difícil decisão de fugir de sua casa em Aleppo, em 2011, quando bombardeios e sequestros tornaram-se uma realidade diária. Rami deixou tudo para trás, exceto uma pequena mala de roupas e sua paixão pela natação.
Além do treinamento exaustivo que os nadadores olímpicos se submetem na preparação para o Rio, Rami precisou atravessar mares perigosos em um bote inflável para a Grécia.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, o ACNUR, 63,5 milhões de pessoas estão deslocadas devido a conflitos e perseguição. Muitos políticos tentam impedir os refugiados de cruzarem suas fronteiras. A criação de uma equipe de refugiados renova o debate ao colocar o foco não no medo e no afastamento, mas na inclusão, celebrando a resiliência e o potencial que todos os refugiados representam.
"Estamos lutando por todos os refugiados no mundo", disse à Associated Press, o judoca Popole Misenga, congolês da equipe de refugiados. "Eu não estou triste por não carregar a bandeira do meu país. Vou levantar a bandeira de muitos países".