Skip to main content

Nota: Sensíveis – Porém Cruciais – Tópicos para Conversa de Dilma com Obama

Quando a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, se encontrar com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na próxima terça-feira, fariam bem em discutir dois assuntos urgentes de direitos humanos sobre os quais cada um tem desempenhado papéis centrais – mas opostos: direitos na Internet e Venezuela.

Em relação à Internet, Dilma Rousseff tem ajudado a promover um debate global sobre segurança digital e privacidade. Depois das revelações de Snowden de que Dilma Rousseff havia sido alvo da espionagem norte-americana, a Presidente do Brasil levou o assunto para a Assembleia Geral das Nações Unidas. Lá ela desconstruiu a ideia de que a segurança nacional de um Estado pode ser garantida às custas da violação dos direitos fundamentais de cidadãos de outro país, agrupando os Estados em torno de duas resoluções importantes sobre o direito à privacidade na era digital. Essas resoluções abriram caminho para a criação de uma efetiva agenda sobre o direito internacional à privacidade no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Já o Presidente Obama tem feito pouco para responder às legítimas preocupações sobre a privacidade de cidadãos fora do território norte-americano e desmantelar o aparato de vigilância em massa que Snowden revelou. A administração Obama publicou uma diretiva no ano passado impondo novas limitações ao uso de dados pessoais e apoiou o recente “Freedom Act”, que impõe limites já há muito tempo esperados sobre a coleta doméstica de registros telefônicos, além de novas medidas para aumentar a transparência e o controle social sobre a NSA (Agência Nacional de Segurança).

Essas medidas, no entanto, são passos muito modestos para acabar com os programas de vigilância em massa que, de forma desproporcional e desnecessária, invadem a privacidade de milhões de pessoas ao redor do mundo. Enquanto isso, a administração Obama insiste na responsabilização criminal de Snowden, ao invés de reconhecê-lo como um legítimo denunciante (“whistleblower”) que merece proteção.

No caso da Venezuela, é o Presidente Obama, e não Dilma Rousseff, que tem agido em favor dos direitos humanos. Desde o início do ano passado, o Governo da Venezuela tem praticado abusos generalizados contra manifestantes pacíficos – incluindo espancamentos e tortura – além de prender e processar opositores políticos com motivação altamente questionável. Organismos internacionais e grupos locais de defesa e proteção dos direitos humanos têm denunciado de forma reiterada essas práticas. Mas Obama tem sido um dos poucos líderes a apelar por um fim a esses abusos. A administração Obama endossou este chamado ao impor sanções específicas contra autoridades envolvidas nestes crimes.

Já Dilma Rousseff tem estado menos disposta a chamar a atenção para a situação dos direitos humanos na Venezuela. Quando questionada, tem citado reiteradamente o princípio da “não interferência” nos assuntos internos, evitando criticar as ações do governo venezuelano. Entretanto, quando a questão central se refere ao respeito a direitos fundamentais – seja ele o direito à livre manifestação nas ruas da Venezuela, ou o direito à privacidade na Internet – não se trata de uma forma de governos imporem suas próprias agendas, mas sim da proteção de valores universais.  

 

Your tax deductible gift can help stop human rights violations and save lives around the world.

Região/País